Anísio Franco, Historiador de Arte
A Mais Bela casa de Portugal
Sophia de Mello Breyner Andresen, poetisa
Sem título
Em redor da luz
Com sombras e brancos
A casa se procura
Minhas mãos quase tocam
O brando respirar
Da sua atenção pura.
Poema sobre esta casa que Sophia de Mello Breyner Andersen juntou a uma carta que escreveu ao casal António Martim e Mariazinha de Mello, de quem era prima e amiga.
Ana soromenho, JORNALISTA
POR AMOR À CASA
“Entramos. Pé direito de nove metros, tetos em abóbada, soalho de tijoleira coberto de grande tapetes de cairo escuro, paredes de cal revestidas a azulejo… o palácio de Ficalho conserva no seu interior uma austeridade de rudeza alentejana, misturada com a sofisticação de uma casa senhorial de verão. Os terraços pairam sobre a vila, trazendo para o interior a vastidão da planície. O tempo dos caçadores da casa, cujos troféus foram postos nas paredes da sala de entrada, alinhados com os quadros dos antepassados. A casa recebe e acolhe. Engole as fissuras.”
“A presença do conde de Ficalho paira. Matilde, lentamente, já começou a organizar fotografias, originais, papéis dispersos, agora expostos numa galeria. Pode vir a ser um espaço museológico. Maria do Mar traz uma grafonola com gravações antigas. (…)
Durante o almoço, Vicente, de 15 anos, tinha dito: “Às vezes parece que ouvimos barulhos. Esta casa é tão grande, pode fazer é medo.” A mãe explicara: “Quando era pequena também sentia medo, achava que havia fantasmas. Tens de lhes dizer: Eu também sou um Mello. Conheçam-me. Estou aqui no século XXI.”
EÇA DE QUEIRÓS
EXCERTO DE CARTA
“Dia encantador. Serpa, terra lindamente pitoresca. Solar Ficalho com grande ar, sala de armas, terraço alto dominando toda a região, muralhas, etc. Tudo um pouco abandonado — mas confortável, e até com móveis de arte!”
Excerto de carta de Eça de Queirós à sua mulher Emília de Castro, 1898